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Abdalan
Triglot
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 Message 337 of 521
11 April 2011 at 9:00pm | IP Logged 
É só para o brasileiro acha que aprendeu o português, amigo gaúcho, aí vai uma milonga
do meu amigo Rami que parece querer tradução mesmo para os nossos patrícios (que
transcrevo à mão sem consultas só para me queimar a pestana com o ardor do juízo:


Poncho e laço na garupa
Do pingo quebrei o cacho
Dum zaino negro gordacho
Assim me soltei no pampa
Recém apontando a guampa
Pelito grosso de guacho

Fui pelechando na estrada
Do velho torrão pampeano
serrava sobreano
Cruzava de um pago a outro
Quebrando queixo de potro
Sem nunca ter desengano

Fui conhecendo as estâncias
O dono, a marca, o sinal
Churrasco que já tem sal
Guaiaca que tem dinheiro
Cavalo que é caborteiro
E o jujo que me faz mal

Conheço todo o Rio Grande
Qualquer estrada ou atalho
Quando me seco trabalho
Na velha lida campeira
Corro bem uma carreira
Manejo bem o baralho

Na tava sempre fui taura
Nunca achei parada feia
Quando o parceiro cambeia
Distância de nove passo
Quando espicho bem o braço
Num tiro de volta e meia

Num bolicho de campanha
De volta de uma tropeada
Botei ali uma olada
A maior da minha vida:
Dezoito sorte corrida
Quarenta e cinco clavada


E quanto baile acabei
Solito, sem companheiro
Dava um tapa no candeeiro
Um talho no mais afoito
Calçado no trinta e oito
Botava pra fora o gaiteiro

Trancava o pé no portal
Abria a porta da sala
Entre bufido de bala
E a providência divina
manotaços de china
Rasgando a franja do pala

Ninguém me toca por diante
Nem tampouco cabresteio
Eu me empaco e me boleio
Não paro nem com sinuelo
E tourito de outro pelo
Não berra no meu rodeio

Não quero morrer de doença
Nem com a vela na mão
Eu quero guasquear no chão
Com um balaço bem na testa
E que seja em dia de festa
De carreira ou marcação

E peço, quando eu morrer
Não me por em cemitério
Existe muito mistério
Prefiro um lugar deserto
E que o zaino paste perto
Cuidando os restos gaudério

E vou levar quando eu for
No caixão algum troféu:
Chilena, adaga, chapéu
Meu tirador e o laço
O pala eu quero no braço
Pra gauderiar lá no céu!

Ou do mestre Guimarães, homem aqui de minha terra, texto copio do livro por não ter
tido vergonha de não memorizar:

(...)

— "Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é:
fasmisgerado... faz-megerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?

Disse, de golpe, trazia entre dentes aquela frase. Soara com riso seco. Mas, o gesto,
que se seguiu, imperava-se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada. Detinha
minha resposta, não queria que eu a desse de imediato. E já aí outro susto vertiginoso
suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-me a palavra de
ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo para exigir-me,
rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?

— "Saiba vosmecê que saí ind'hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas,
expresso direto pra mor de lhe preguntar a pregunta, pelo claro..."

Se sério, se era. Transiu-se-me.

— "Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem têm o legítimo — o
livro que aprende as palavras... É gente pra informação torta, por se fingirem de menos
ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres não me dou: eles logo
engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale, no pau da peroba, no
aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?"

Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:

— Famigerado?

— "Sim senhor..." — e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva,
sua voz fora de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo — apertava-me. Tinha eu
que descobrir a cara. — Famigerado? Habitei preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro
ínterim, em indúcias. Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos,
intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio:

— "Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra
testemunho..."

Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.

— Famigerado é inóxio, é "célebre", "notório", "notável"...

— "Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado?
É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?"

— Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos...

— "Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-semana?"

— Famigerado? Bem. É: "importante", que merece louvor, respeito...

— "Vosmecê agarante, pra a paz das mães, mão na Escritura?"

Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:

— Olhe: eu, como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era
ser famigerado — bem famigerado, o mais que pudesse!...

— "Ah, bem!..." — soltou, exultante.

Saltando na sela, ele se levantou de molas. Subiu em si, desagravava-se, num
desafogaréu. Sorriu-se, outro. Satisfez aqueles três: — "Vocês podem ir, compadres.
Vocês escutaram bem a boa descrição..." — e eles prestes se partiram. Só aí se chegou,
beirando-me a janela, aceitava um copo d'água. Disse: — "Não há como que as grandezas
machas duma pessoa instruída!" Seja que de novo, por um mero, se torvava? Disse: — "Sei
lá, às vezes o melhor mesmo, pra esse moço do Governo, era ir-se embora, sei não..."
Mas mais sorriu, apagara-se-lhe a inquietação. Disse: — "A gente tem cada cisma de
dúvida boba, dessas desconfianças... Só pra azedar a mandioca..." Agradeceu, quis me
apertar a mão. Outra vez, aceitaria de entrar em minha casa. Oh, pois. Esporou, foi-se,
o alazão, não pensava no que o trouxera, tese para alto rir, e mais, o famoso assunto.


Do livro "Primeiras Estórias"


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FireViN
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 Message 338 of 521
16 April 2011 at 6:47pm | IP Logged 
Eu simplesmente não consigo pensar em uma "Cultura Brasileira". Este país é grande demais pra ter uma cultura única, o que vemos é uma enorme gama de culturas diferentes, mas como já foi dito, apenas a "tropicália" é lembrada, meio que por imposição da mídia. É só ligar a televisão na Globo. Carnaval, samba, capoeira, pagode, tudo o que o "bom" brasileiro deve conhecer e se orgulhar, mas que acaba conflitando com a cultura, por exemplo, do caipira do interior de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul.

Uma coisa que eu acho que explicita bem essa imposição é a questão do sotaque dos artistas e jornalistas. Se a pessoa tem um sotaque bem característico, ela deve suprimir pra ficar parecido com o "padrão" nacional, que seria o sotaque paulistano, carioca ou nordestino, mas sendo este último de forma mais leve. O sotaque caipira (e não falamos de um único sotaque, existem diversas variantes), por exemplo só é aceito e retratado (de forma péssima) quando querem fazer um personagem simples e ignorante nas novelas.

O que eu vejo é uma desvalorização da cultura de algumas regiões do país, tornando essa unificação da cultura "brasileira" mais aparente, mas também tenho visto uma forte valorização da cultura própria em alguns cidadãos conscientes, que lutam contra essa tropicália.

Obviamente é minha opinião, todos tem o direito de discordar.
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GauchoBoaCepa
Triglot
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 Message 339 of 521
18 April 2011 at 1:11am | IP Logged 
FireViN wrote:
Eu simplesmente não consigo pensar em uma "Cultura Brasileira". Este país é grande demais pra ter uma cultura única, o que vemos é uma enorme gama de culturas diferentes, mas como já foi dito, apenas a "tropicália" é lembrada, meio que por imposição da mídia. É só ligar a televisão na Globo. Carnaval, samba, capoeira, pagode, tudo o que o "bom" brasileiro deve conhecer e se orgulhar, mas que acaba conflitando com a cultura, por exemplo, do caipira do interior de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul.

Uma coisa que eu acho que explicita bem essa imposição é a questão do sotaque dos artistas e jornalistas. Se a pessoa tem um sotaque bem característico, ela deve suprimir pra ficar parecido com o "padrão" nacional, que seria o sotaque paulistano, carioca ou nordestino, mas sendo este último de forma mais leve. O sotaque caipira (e não falamos de um único sotaque, existem diversas variantes), por exemplo só é aceito e retratado (de forma péssima) quando querem fazer um personagem simples e ignorante nas novelas.

O que eu vejo é uma desvalorização da cultura de algumas regiões do país, tornando essa unificação da cultura "brasileira" mais aparente, mas também tenho visto uma forte valorização da cultura própria em alguns cidadãos conscientes, que lutam contra essa tropicália.

Obviamente é minha opinião, todos tem o direito de discordar.


Velho, simplesmente teu post foi sucinto e realista, foi direto ao ponto....foste feliz no q postaste....a tentativa de querer recuperar a valorização da cultura do interior do Brasil através de tchê music e sertanojo universitário é um erro estúpido e de mau gosto....q no fundo tem pitada tropicalista e da nossa mídia do "eixão" por trás.

Com respeito aos tropicalistas, a maior parte, matutos q vivem no litoral brasileiro a partir do Rio até as bandas do Maranhão ou filhinhos da mamãe q usam barba estilo talibãs ou patis ripongas q foram criados a base de Danoninho e bisnaguinha Seven Boys, q ambos usam sandalinha de couro, vão a forrozinho de centro acadêmico, fazem a revolução dentro do carro do papai fumando beck e financiando o tráfico de drogas nas favelas e claro, tem tb a turminha do "samba rock" ou até do samba de raiz, tipo por exemplo a turma q vai à Lapa no Rio, também um bando de almofadinhas....e o q dizer dos micareteiros então?...assim, a maior parte de todos estes citados acham q a cultura brasileira deveria ser restrita somente ao Rio e Nordeste e portanto praticamente extinguir a cultura interiorana de MG, região Centro-Oeste, oeste paulista, Paraná, Santa Catarina e claro, do meu estado tb, esta bastante visada por esses crápulas...e o pior q o único elemento musical de cunho tropicalista com qualidade q é a Bossa Nova, q tornou o Brasil conhecido musicalmente a nível mundial, é apreciado hj por poucas pessoas, e até mesmo pouco explorado por essa midia....e outro pouco q acho q nao pode ser considerado tropicalista apesar de ser da região do Norte, do Pará para ser mais específico, o Carimbó, pouco conhecido, até mesmo no Nordeste q fica ali ao lado.

É bom q esses estrangeiros, principalmente aqueles q ainda acham q o Brasil só tem a ver com favelas cariocas, favelas movies, bundas de mulatas, samba, prostitutas, carnaval, futebol no Maracanã, capoeira no Pelourinho e mais recentemente um cachaceiro fanfarrão e brucutu q fez uma propaganda exacerbadamente enganosa do país lá fora, vejam esse outro lado do país, q por exemplo tu expuseste....abraço



Edited by GauchoBoaCepa on 18 April 2011 at 3:45pm

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iguanamon
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 Message 340 of 521
18 April 2011 at 2:15am | IP Logged 
Acabo de descobrir o autor moçambicano Mia Couto. Estou lendo "Um rio chamado tempo" e gosto tanto. Etse livro me parece um pouco como um livro de Gabriel García Márquez. Vcs sabem deste autor africano? Vcs gostam de seus livros? É um homem muito interessante, não é?

A propósito, por fim, acabo de comprar o dicionário Priberam para Kindle do Amazon.com por $9.99 e estou tão feliz! Tem mais de 100.000 palavras. Vou melhorar meu português com lendo e falando com meus parceiros de skype. Agora, posso comprender muito, mas não posso falar bem. Gozo de ler este fio em português. Até logo.

Edited by iguanamon on 18 April 2011 at 3:37am

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GauchoBoaCepa
Triglot
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Speaks: Portuguese*, English, Spanish

 
 Message 341 of 521
18 April 2011 at 3:46pm | IP Logged 
Abdalan wrote:
É só para o brasileiro acha que aprendeu o português, amigo gaúcho, aí vai uma milonga
do meu amigo Rami que parece querer tradução mesmo para os nossos patrícios (que
transcrevo à mão sem consultas só para me queimar a pestana com o ardor do juízo:


Poncho e laço na garupa
Do pingo quebrei o cacho
Dum zaino negro gordacho
Assim me soltei no pampa
Recém apontando a guampa
Pelito grosso de guacho

Fui pelechando na estrada
Do velho torrão pampeano
serrava sobreano
Cruzava de um pago a outro
Quebrando queixo de potro
Sem nunca ter desengano

Fui conhecendo as estâncias
O dono, a marca, o sinal
Churrasco que já tem sal
Guaiaca que tem dinheiro
Cavalo que é caborteiro
E o jujo que me faz mal

Conheço todo o Rio Grande
Qualquer estrada ou atalho
Quando me seco trabalho
Na velha lida campeira
Corro bem uma carreira
Manejo bem o baralho

Na tava sempre fui taura
Nunca achei parada feia
Quando o parceiro cambeia
Distância de nove passo
Quando espicho bem o braço
Num tiro de volta e meia

Num bolicho de campanha
De volta de uma tropeada
Botei ali uma olada
A maior da minha vida:
Dezoito sorte corrida
Quarenta e cinco clavada


E quanto baile acabei
Solito, sem companheiro
Dava um tapa no candeeiro
Um talho no mais afoito
Calçado no trinta e oito
Botava pra fora o gaiteiro

Trancava o pé no portal
Abria a porta da sala
Entre bufido de bala
E a providência divina
manotaços de china
Rasgando a franja do pala

Ninguém me toca por diante
Nem tampouco cabresteio
Eu me empaco e me boleio
Não paro nem com sinuelo
E tourito de outro pelo
Não berra no meu rodeio

Não quero morrer de doença
Nem com a vela na mão
Eu quero guasquear no chão
Com um balaço bem na testa
E que seja em dia de festa
De carreira ou marcação

E peço, quando eu morrer
Não me por em cemitério
Existe muito mistério
Prefiro um lugar deserto
E que o zaino paste perto
Cuidando os restos gaudério

E vou levar quando eu for
No caixão algum troféu:
Chilena, adaga, chapéu
Meu tirador e o laço
O pala eu quero no braço
Pra gauderiar lá no céu!

Ou do mestre Guimarães, homem aqui de minha terra, texto copio do livro por não ter
tido vergonha de não memorizar:

(...)

— "Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é:
fasmisgerado... faz-megerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?

Disse, de golpe, trazia entre dentes aquela frase. Soara com riso seco. Mas, o gesto,
que se seguiu, imperava-se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada. Detinha
minha resposta, não queria que eu a desse de imediato. E já aí outro susto vertiginoso
suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-me a palavra de
ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo para exigir-me,
rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?

— "Saiba vosmecê que saí ind'hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas,
expresso direto pra mor de lhe preguntar a pregunta, pelo claro..."

Se sério, se era. Transiu-se-me.

— "Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem têm o legítimo — o
livro que aprende as palavras... É gente pra informação torta, por se fingirem de menos
ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres não me dou: eles logo
engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale, no pau da peroba, no
aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?"

Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:

— Famigerado?

— "Sim senhor..." — e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva,
sua voz fora de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo — apertava-me. Tinha eu
que descobrir a cara. — Famigerado? Habitei preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro
ínterim, em indúcias. Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos,
intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio:

— "Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra
testemunho..."

Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.

— Famigerado é inóxio, é "célebre", "notório", "notável"...

— "Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado?
É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?"

— Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos...

— "Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-semana?"

— Famigerado? Bem. É: "importante", que merece louvor, respeito...

— "Vosmecê agarante, pra a paz das mães, mão na Escritura?"

Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:

— Olhe: eu, como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era
ser famigerado — bem famigerado, o mais que pudesse!...

— "Ah, bem!..." — soltou, exultante.

Saltando na sela, ele se levantou de molas. Subiu em si, desagravava-se, num
desafogaréu. Sorriu-se, outro. Satisfez aqueles três: — "Vocês podem ir, compadres.
Vocês escutaram bem a boa descrição..." — e eles prestes se partiram. Só aí se chegou,
beirando-me a janela, aceitava um copo d'água. Disse: — "Não há como que as grandezas
machas duma pessoa instruída!" Seja que de novo, por um mero, se torvava? Disse: — "Sei
lá, às vezes o melhor mesmo, pra esse moço do Governo, era ir-se embora, sei não..."
Mas mais sorriu, apagara-se-lhe a inquietação. Disse: — "A gente tem cada cisma de
dúvida boba, dessas desconfianças... Só pra azedar a mandioca..." Agradeceu, quis me
apertar a mão. Outra vez, aceitaria de entrar em minha casa. Oh, pois. Esporou, foi-se,
o alazão, não pensava no que o trouxera, tese para alto rir, e mais, o famoso assunto.


Do livro "Primeiras Estórias"



Esta milonga me deixou mais faceiro que cabaço entrando na zona.
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GauchoBoaCepa
Triglot
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 Message 342 of 521
18 April 2011 at 3:49pm | IP Logged 
iguanamon wrote:
Acabo de descobrir o autor moçambicano Mia Couto. Estou lendo "Um rio chamado tempo" e gosto tanto. Etse livro me parece um pouco como um livro de Gabriel García Márquez. Vcs sabem deste autor africano? Vcs gostam de seus livros? É um homem muito interessante, não é?

A propósito, por fim, acabo de comprar o dicionário Priberam para Kindle do Amazon.com por $9.99 e estou tão feliz! Tem mais de 100.000 palavras. Vou melhorar meu português com lendo e falando com meus parceiros de skype. Agora, posso comprender muito, mas não posso falar bem. Gozo de ler este fio em português. Até logo.


Tenta escutar rádios e assistir à TV aí na tua terra através da Internet...tentar ouvir a Rádio Globo, Bossa Nova FM, Rádio Gaúcha, Rádio Itatiaia, Rádio Nacional e outras.
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outcast
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 Message 343 of 521
09 May 2011 at 8:55am | IP Logged 
Boa Noite a todos vocês!

Evidentemente eu sou novo neste foro do idiomas. Faz três meses que eu estou a aprender português. Embora falo espanhol, procuro muito não misturar as duas línguas.

Então o meu vocabulário ainda é um pouco pequeno (só escrevo com as palavras que me lembro), mas todos os dias aprendo novas palavras. A gramática é facil para mim, mas à mesma vez interessante. O português e o espanhol põem os pronomes diretos de maneiras diferentes. O mais dificil são os verbos reflexivos. Muitos verbos reflexivos em espanhol não são reflexivos em português, isso me confunde algumas vezes. Esperançosamente nuns meses poderei falar muito melhor. Abraços a todos.

Edited by outcast on 09 May 2011 at 9:00am

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Abdalan
Triglot
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 Message 344 of 521
10 May 2011 at 12:04am | IP Logged 
outcast wrote:
Boa Noite a todos vocês!

Evidentemente eu sou novo neste foro do idiomas. Faz três meses que eu estou a aprender
português. Embora falo espanhol, procuro muito não misturar as duas línguas.

Então o meu vocabulário ainda é um pouco pequeno (só escrevo com as palavras que me
lembro), mas todos os dias aprendo novas palavras. A gramática é facil para mim, mas à
mesma vez interessante. O português e o espanhol põem os pronomes diretos de maneiras
diferentes. O mais dificil são os verbos reflexivos. Muitos verbos reflexivos em
espanhol não são reflexivos em português, isso me confunde algumas vezes.
Esperançosamente nuns meses poderei falar muito melhor. Abraços a todos.


Parabéns, está indo muito bem com o português. Siga em frente que o sucesso será certo.


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